Antonina do Norte
54 anos de emancipação política.
Parabéns, querida cidade!
Parabéns ao povo lutador de nossa Terra!
O
município de Antonina do Norte localiza-se na região Centro-sul
cearense a 481,9 Km da capital Fortaleza. Sua
extensão territorial é de 260, 101 Km², a sede é acesso da
Rodovia CE-373. Segundo o censo demográfico do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE-2010), a população absoluta é de
6.984 habitantes. É um espaço de poucos habitantes, socialmente
construído, que nas suas vulnerabilidades e principalmente nas
potencialidades estão indicadores de avaliação na produção de
estratégias locais para promover o desenvolvimento sustentável, em
todas as suas dimensões, considerando os sistemas ambientais, sua
interdependência com as dinâmicas sociais, econômicos e políticos,
dependente da mobilização social em cadeias.
Como disse
o administrador de empresas Rodrigo C. Rocha Loures, em seu livro
sustentabilidade XXI “Estimular o ambiente inovador nas empresas,
nas universidades, no setor público e na sociedade em geral, com
foco na sustentabilidade, é, portanto, uma tarefa urgente”. O
estímulo às inovações, dessa forma parte das necessidades de
pensar e do fazer diferente, visionando a eficácia do bem-estar,
partindo de todos os setores da sociedade. Precisamos desse modo
investigar em nossos cotidianos o que de fato é força geradora de
atividades doadoras de vigor à
população antoninense. Pode-se apontar a partir da nossa
localização geográfica uma dessas forças, pois ao ser limite com
os municípios de Assaré, Tarrafas, Saboeiro e Campos Sales,
estabelece-se como cidade integradora, instigando para si um palco de
convenções e eventos intermunicipais e locais, com função prática
de espaço de motivação cultural e de formação.
Está
imposto às pessoas que o lugar não tem cultura. Todos têm
diferenciadamente, seja na fala, no vestir nos ritmos musicais nos
comportamentos, entre outras manifestações reveladoras da
existência de uma determinada comunidade.
O
resgate histórico, nos torna acesos, forma identidade. Antonina, tem
nas suas origens de ocupação, por exemplo, um legado de
africanidade, em sua formação étnica, segundo dados do Dicionário
Topográfico e Estatístico da Província do Ceará, em 1857/58 em
Saboeiro a população escrava era de 625 pessoas. O que tem isso a
ver ? As terras onde hoje é o município de Antonina do Norte
pertenciam ao referido lugar. Além de memórias publicadas em
crônicas, por Dona Carmusina Monte Arrais Freire, descendente de
senhor de escravos da Fazenda Várzea Nova, margeando o Rio
Conceição, afluente do Jaguaribe. São aspectos compositores do
nosso rico patrimônio, se pesquisado e dado o verdadeiro valor.
O
principal patrimônio de um povo é ele mesmo. Principalmente quando
é dada a atenção aos seus sinais de apelo, de possibilidades, a
exemplo disso são os jovens, em suas carências educacionais, de
lazer e oportunidades. Com uma formação profissional em diferentes
habilidades e ausência de serviços especializados locais
(eletrônica, construção civil, informática aplicada, recursos
humanos, para citar alguns) ou visando o mercado de trabalho extra
Antonina, podiam criar novas motivações, para quem as espera e
para aqueles necessitados de resgate, das drogas, do álcool, da
ociosidade.
A
ousadia também é marca da nossa gente, a prova está em jovens que
lutam pela formação superior, tanto aqueles que se deslocam para as
universidades públicas e privadas do Cariri, diariamente ou os
residentes, quanto às turmas semipresenciais dos cursos particulares
(IESB), de administração e pedagogia, com funcionamento na sede do
município de Antonina. Eles podem se constituir em mão de obra
qualificada e qualificadora, dependendo das iniciativas
empreendedoras, privadas, públicas, ou medidas associativistas,
tanto para os antoninenses residentes, quanto para os “crediaristas
e empresários investidores”.
É
valioso remeter a presença da Organização Não governamental
Pastoral da Criança, apoiado pela UNICEF, um trabalho de lideranças
comunitárias no acompanhamento do desenvolvimento das crianças com
até 6 anos, prestando orientações cristãs e de às famílias. Da
mesma forma, destaca-se o trabalho da Pastoral do Idoso.
Exemplos de iniciativas coletivas e voluntárias em prol do bem
comum.
Está
no bioma caatinga também nos faz privilegiados, pois apesar de toda
degradação ou mau uso dos recursos naturais, é possível se
sustentar nele. Quanto aos recursos minerais extrativistas, é um
recurso abundante a rocha cristalina, utilizada em construção
civil, brita, calçamento, pisos industriais, matéria-prima para
revestimento de pias. Para sua extração deve-se observar a
viabilidade ambiental e estrutural. Os produtos florestais (lenha) e
produtos florestais não madeireiros (como frutas, plantas
medicinais, cascas, fibras, óleos, mel, materiais para artesanato,
entre outros produtos) para o consumo e comercialização, a partir
da devida orientação podem ser convertidos em atividades como
sistema agroflorestal, apicultura, beneficiamento temporário de
poupa de frutas ( da estação), farmácia viva, artesanato da
carnaubeira, por exemplo.
Para
convivência com o semiárido é importante adaptar ações
favoráveis ao ambiente e ao saber popular, como por exemplo, a
experiência de adotar culturas como a da palma, agregar inovações
como implantação de sistemas de plantios em mandalas, aproveitando
racionalmente a água, bem como o uso de fonte de energia renovável,
caso dos biodigestores, utilizando esterco animal, economizando nos
gastos com o gás de cozinha, ficando a energia do programa do
governo Federal “Luz Para Todos”, destinado ao fortalecimento das
propostas citadas, entre outras práticas. Para assim contribuir com
a permanência e convivência do trabalhador rural no semiárido.
A atuação
e oferta dos serviços da Organização Não Governamental
Associação Cristã de Base (ACB), localizada na cidade do Crato é
uma via, além de órgãos governamentais federais, estaduais e
municipais, em parceria com o agricultor, possuem a competência de
atingir esse fundamental objetivo para a vida do camponês. Nesse
atual momento de obras da Barragem Mamoeiro, com capacidade de
20.680.000 m³. A construção é no leito do Rio Conceição. A
partir de agora as potencialidades rurais da área devem ser
levantadas para revitalização da agricultura familiar, seja com
projetos de piscicultura, produção de viveiros para diminuição
do desmatamento na mata ciliar, plantios irrigados. Pensando em
melhorar a agricultura, em cadeia atingirá favoravelmente o comércio
local.
No
turismo temporário (carnaval e vaquejada), está mais um indício da
necessidade de agregar ações para obtenção de rendimentos, na
carência de espaços hoteleiros, através do associativismo pode ser
criado redes de serviços, como o alimentício em pequenas
marmitarias. Pode-se buscar no meio ambiente, nos espaços rurais
atrativos turísticos, como caminhadas e paradas ecológicas (trechos
do Rio Conceição, por exemplo, visita aos assentamentos rurais).
Esta atividade é inserida no setor terciário, o que mais cresce.
Observa-se
na crescente quantidade de lixo produzido, um potencial para coleta
seletiva, organização de oficinas de reciclagem e educação
ambiental, aplicando um dos princípios da agenda 21 “uso racional
dos recursos naturais, para que estes possam continuar disponíveis
às gerações que ainda virão”.
O
desenvolvimento não acontece sem planejamento, em nenhuma das
perspectivas apresentadas, mas canalizando algumas das possíveis
potencialidades antoninenses
pode-se mitigar a baixa expectativa dessa população. Todos são
responsáveis: cidadãos, governo municipal, iniciativa privada, pois
tem sido marcante a urgência de soluções para combater a fase de
estagnação na qual nos encontramos no processo evolutivo rumo a
sustentabilidade
do bem-estar,
que pelos direitos humanos deveria ser prioridade. É preciso
combater o subdesenvolvimento mental, a impotência política,
social, educacional e cerebral da qual estamos deitados
em berços esplêndidos.
Aíla Maria Alves
Cordeiro Arrais – Professora de Geografia no Ensino Fundamental e
Médio no município de Antonina do Norte, Ceará. Uma contribuição
para reflexão por ocasião dos 54 anos de Emancipação Política do
referido município. Abril de 2012.
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